O QUE É GDP?
O GDP é a soma de todos os bens e serviços produzidos, em uma determinada região.
Sua apuração considera, somente dados da economia formal.
No Brasil, o GDP corresponde ao PIB (Produto Interno Bruto).
De forma simplista, o cálculo é feito da seguinte maneira:
Divulgado em bases anuais e trimestrais, o indicador é apresentado em moeda corrente. Por exemplo: U$ 400 bilhões, R$ 800 bilhões, € 1,5 trilhão, etc.
Entretanto, o mais comum, é sua publicação no formato de variação percentual: “O PIB (GDP) do Ceará cresceu 1,3% no trimestre”.
CONTINUA APÓS A PUBLICIDADE
O consumo final como base
Para evitar contagem duplicada, o GDP considera em sua apuração, somente produtos e serviços destinados ao consumo final.
Na apuração do Produto Interno Bruto, os dados são tratados de forma a eliminar operações consecutivas.
Ilustrando melhor:
Suponha que uma cafeteria compre 100 Kg de grãos de café (torrado e moído).
Foram utilizados, 95 Kg de grãos para produzir e vender 9.500 doses de café. Os 5 kg restantes destinaram-se ao cafezinho da tarde dos funcionários.
O GDP desta cadeia econômica, seria:
- 9.500 doses de café; e
- 5 Kg de grãos de café (torrado e moído).
Essa ponderação reflete a real riqueza produzida. De fato, foram colhidos e manufaturados 100kg de grãos. Destes, 95 Kg viraram 9.500 doses de café e 5 Kg foram utilizados pela cafeteria (sem vendas).
Caso, não houvesse essa tratativa, a produção de riquezas do período seria superestimada:
- 9.500 doses de café; e
- 100 Kg de grãos de café (torrado e moído).
Logo, o GDP consideraria 95 Kg de grãos a mais (exatamente as doses de café).
A ORIGEM DO GDP
Na eminência do fim da segunda guerra mundial (1939-1945), o movimento das Ligas da Nações (atual ONU) estudava formas de recuperar a economia mundial.
Pouco antes da guerra, a Grande Depressão de 1929, causou uma forte recessão econômica. Importantes nações adotaram medidas extremas de protecionismo, com a esperança de recuperar suas economias. O que se provou mais tarde ser um erro.
Um conflito militar a nível global, aliado ao isolamento econômico de muitas nações criou uma recessão econômica mundial grave.
Em 1944, foi realizada a conferência de Bretton Woods (New Hampshire-USA) também conhecida como Conferência Monetária e Financeira das Nações Unidas.
44 nações participantes concluíram que, a saída para a crise global viria da cooperação econômica entre os países.
A nova ordem mundial deveria promover a cooperação internacional, visando a expansão da produção, emprego e do consumo global.
Foi instituída, a criação de duas entidades de cooperação internacional:
- FMI – Fundo Monetário Internacional; e
- BRD – Banco de Reconstrução e Desenvolvimento (atual Banco Mundial).
Com vistas ao direcionamento das políticas, seria necessário criar indicadores que norteassem ações específicas de forma a manter o equilíbrio da economia. O GDP foi um deles.
CONTINUA APÓS A PUBLICIDADE
FINALIDADES DO GDP
Esse indicador é muito importante, pois sinaliza aos setores público e privado quanto aos rumos da economia das regiões.
Políticas Públicas
A análise do GDP, possibilita a definição de políticas públicas pelos governos. Tais políticas, são geralmente aquelas orientadas ao desenvolvimento econômico e social da região.
Questões como emprego, arrecadação de impostos, renda da população e taxa de juros são diretamente impactadas pelo patamar e variação do GDP.
Políticas Privadas
Do ponto de vista privado, esse indicador é de suma importância pois combinado à outros, confere certa previsibilidade das demandas e taxas de juros.
Desta forma, a administração de uma empresa pode estabelecer seu orçamento e políticas no curto, médio e longo prazo com mais segurança.
Decisões relacionadas à investimentos e expansão, costumam considerar as projeções do PIB (GDP).
CONTINUA APÓS A PUBLICIDADE
CRÍTICAS AO INDICADOR
É muito comum a associação do GDP (principalmente o per capita), à qualidade de vida de uma população.
Essa percepção, se sustenta na crença de que o aumento de produção gera empregos e renda.
Sem dúvidas existe alguma relação, entre melhora de renda e qualidade de vida.
Porém, o GDP é um indicador quantitativo de produção. E tão somente isso.
É fácil entender se a economia cresceu ou não. O que o indicador não consegue responder é: Como esse resultado foi atingido?
E isso faz toda a diferença.
Por esse motivo, há uma forte oposição nos meios políticos e acadêmicos, ao uso do indicador em aspectos relacionados à qualidade de vida.
"O Produto Interno Bruto (GDP) de um país, mede tudo, exceto aquilo que faz a vida valer a pena."
Robert F. Kennedy - Ex presidente americano
Há diversos argumentos que rejeitam o GDP com indicador de desenvolvimento humano. Veja alguns:
- Bem estar social é algo que transcende o aspecto econômico. Existem outros fatores envolvidos, que em nada se relacionam a renda.
- O produto de uma expansão econômica, não é distribuído proporcionalmente entre os habitantes de um país.
- Maior produtividade, não necessariamente resulta em mais impostos. O aumento de produção pode ter sido estimulado por isenções fiscais, por exemplo. E mesmo que haja mais arrecadação, o GDP não indica se o governou converteu esses recursos adicionais em prol da população.
Portanto, GDP e bem estar social tem pouca relação identificável.
Contudo, os dados base de cálculo do GDP podem, a nível detalhado, sugerir bem estar material. Como demonstrado a seguir.
CONTINUA APÓS A PUBLICIDADE
Bem estar material
Não dá para desprezar o componente material na percepção de bem estar. Por óbvio, varia de indivíduo para indivíduo, mas raramente esse componente é nulo.
Diversas teorias sobre felicidade e auto realização abordam a perspectiva material em algum grau.
Por exemplo, a hierarquia das necessidades humanas de Maslow:
Os dois primeiros níveis da hierarquia (fisiologia e segurança) são mais sensíveis ao bem estar material.
Analisado de forma macro, o GDP não permite inferir absolutamente nada.
Contudo, a análise segmentada do GDP (por produtos e serviços por exemplo), pode sugerir o avanço ou retrocesso em itens básicos de bem estar.
Uma região com baixo nível de consumo interno de colchões, pode sugerir precariedade domiciliar.
Se a comparação com o período anterior identificar um aumento específico desse item, pode-se de forma razoavelmente segura concluir que o bem estar material da população está melhorando.
Há de se ponderar, condições básicas de conforto. O aumento do consumo de batom, por exemplo, tem baixa correlação com o aspecto material que melhora o bem estar de uma população.
CONTINUA APÓS A PUBLICIDADE
A relação inversa do GDP com o Bem Estar
Outro ponto importante, que afasta o GDP da análise de bem estar, é a possibilidade de relação inversa que pode existir.
Em outras palavras, o aumento do GDP, pode ser reflexo da piora da qualidade de vida.
Suponha, que uma determinada região tenha aumentado o seu GDP (PIB) em 1%.
Hipoteticamente, a análise detalhada aponta o setor farmacêutico como responsável pelo aumento de produção.
Aprofundando ainda mais, descobre-se que, a produção farmacêutica que “puxou” esse aumento, foi a de remédios contra câncer.
Com esses cenários em mãos, pode-se cogitar ao menos duas possibilidades:
- A população está com mais acesso a tratamentos de qualidade (Bom sinal); ou
- A taxa de câncer disparou devido ao aumento da poluição (Mal sinal).
Analisando somente o indicador de produção de riquezas, não é possível identificar qual dos dois cenários é o correto.
Resumindo, a variação do GDP pode ser boa ou ruim para população. Portanto, concluir que o bem estar está relacionado a variação exclusiva desse indicador é um erro.
Indicadores de Bem Estar Social
Visando suprir a carência de informações sobre qualidade de vida, algumas organizações desenvolveram índices com esse propósito.
Os mais populares são:
IDH - Índice de Desenvolvimento Humano
É o indicador adotado pela ONU para avaliar aspectos de desenvolvimento humano.
O IDH foi proposto pelo paquistanês Mahbub ul Haq, com o apoio de Amartya Sen (Nobel de Economia).
A proposta é criar um contraponto ao GDP. Sua apuração considera três pilares básicos: saúde, renda e educação.
Better Life Index
O Better Life Index ou Índice para uma Vida Melhor foi criado pela OCDE.
Esse indicador surge como resposta a escalada de críticas ao GDP.
Trata-se de uma pesquisa on-line, onde são colhidas as percepções da população sobre 11 perspectivas:
Pesquisas da WVS
A World Values Surveys é um programa internacional de pesquisas. O objetivo principal é capturar os valores éticos da população mundial.
Adicionalmente, são capturados indicadores relacionados ao bem estar.
A cada 5 anos, são realizadas pesquisas que buscam compreender os valores culturais e crenças da população mundial.
Essas pesquisas são conhecidas como Waves (Ondas).
A pesquisa em vigor (sétima Onda) corresponde ao período de 2017 a 2021 e abrange 77 países.
O questionário aplicado gera cerca de 300 indicadores, orientados à 14 temas:
O trabalho da WVS é financiado pela comunidade acadêmica/científica e instituições como:
CONTINUA APÓS A PUBLICIDADE
FIB - Felicidade Interna Bruta
A FIB é internacionalmente conhecida como: GDH – Gross National Happiness.
Trata-se de um indicador desenvolvido pelo governo butanês, para desenvolver políticas que visem exclusivamente o bem estar da população.
" A Felicidade Interna Bruta (GDH) é mais importante do que o Produto Interno Bruto (GDP)"
Jigme Singye Wangchuck, 1972 - Rei do Butão
Como os principais indicadores de bem estar, a FIB é apurada com base em questionários, que consideram os seguintes componentes:
Esse modelo é considerado pioneiro, por focar em felicidade ao invés de bem estar.
Em 2011 a ONU aprovou uma resolução proposta pelo Butão para uma abordagem holística do desenvolvimento, onde o foco da organização seria a promoção do bem estar da população.
EXEMPLOS
- Ontem foi divulgado o GDP dos Estados Unidos do primeiro semestre atingindo o patamar de 1,3 trilhão de dólares.
- As medidas adotadas pelo governo visam estabelecer condições sustentáveis para o crescimento do GDP.
- O GDP per capita (por habitante) canadense está praticamente estagnado (0,02%), demonstrando que a economia andou de lado nos últimos 3 (três) meses.