A fundação do IASC foi o pontapé inicial rumo à desejada padronização mundial das normas contábeis. Um processo longo e trabalhoso, que atinge seu propósito somente a partir de 2005.
Até então, cada país desenvolvia suas normas contábeis isoladamente. Esse contexto, criava um cenário inóspito à investidores externos. O fluxo de capital estrangeiro em bolsas era escasso comparado aos padrões atuais.
Por óbvio, as limitações tecnológicas da época dificultavam o ingresso de capital externo. Contudo, independente das dificuldades de acesso às bolsas, o investidor estrangeiro realmente preteria investimentos fora das suas fronteiras. E o principal motivo, era justamente a dificuldade em lidar com um volume de normas quase que incompreensíveis à estrangeiros.
Monitorar a performance de investimentos, dada a diferença das práticas contábeis, poderia ser um verdadeiro pesadelo. Investidores profissionais tomam riscos nos mais diversos níveis, desde que seja possível mensurá-los.
Embora fossem poucas, as multinacionais de capital privado, também tinham dificuldades com essas diferenças de práticas contábeis. Consolidar as informações dos negócios mundo afora, com regras tão distintas, era algo trabalhoso, caro, demorado e suscetível à erros. Isso, atrasava e afetava a qualidade das decisões da administração.
A dificuldade e os entraves eram notórios. A comunidade internacional iniciava os primeiros debates acerca do problema. E como em toda grande mudança, a unificação das normas contábeis também exigia uma liderança extraordinária.
Construir um consenso internacional demandava iniciativa, persistência, inteligência e muita habilidade política. Eis então que Lorde Henry Benson decide a agir.
Compreender a evolução do IASC ao longo dos 28 anos de sua existência é algo enriquecedor. Pelo lado profissional e acadêmico, entender a sucessão dos eventos históricos ocorridos expande seus conhecimentos. Já pelo lado pessoal, a trajetória de Lorde Benson é algo inspirador e motivacional.
No conteúdo a seguir, você compreenderá os seguintes tópicos:
- O que foi o IASC;
- Como e em qual momento a organização saiu do papel;
- Quem foi Henry Benson;
- Os desafios enfrentados pelo IASC;
- O que mudou no mercado de capitais; e
- A dissolução do IASC e o surgimento do IASB.
Seja bem-vindo(a) e boa leitura!
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O QUE É IASC?
IASC é a organização criada em 1973, com o objetivo de unificar as normas contábeis a nível global.
Constituída sob a forma de Comitê, a instituição foi criada pelas delegações de 9 (nove) países. O corpo técnico era composto por profissionais dos ramos da contabilidade, auditoria, companhias de capital aberto e reguladores do mercado mobiliário.
Ao longo de 28 anos foram emitidas 41 normas, denominadas IAS (International Accounting Standards).
Seguindo uma tendência de aprimoramento de governança e demandas de participantes do mercado de capitais a organização passou por uma profunda restruturação.
Nesse processo, concluído em 2001, o IASC foi dissolvido e transformado em Conselho, o atual IASB – International Accounting Standards Board sob supervisão da IFRS Foundantion.
Por que normas internacionais de contabilidade são importantes?
Os padrões de contabilidade e de auditoria de um país resultam de fatores culturais, políticos, jurídicos e econômicos locais. (SAGAFI-NEJAD , SMITH e WANG, 2008)
Posto isso, fica fácil imaginar como o padrão contábil da Nicarágua, por exemplo, difere do padrão chinês.
Para alguns, relacionar a padronização das normas contábeis à expansão do mercado de capitais parece algo sem sentido. Mas acredite, tem muito sentido.
Investidores tomam decisões baseadas em análises de informações e expectativas futuras de retorno. As demonstrações financeiras de uma empresa, são um conjunto de informações fundamentais ao investidor. Essas análises permitem avaliar o desempenho das empresas e suas posições patrimoniais.
Uma vez que, cada país estabelecia suas regras, investidores externos tinham dificuldade em avaliar com precisão as demonstrações contábeis.
Isso desestimulava e era um entrave à circulação de capital estrangeiro.
Comparar duas empresas de nacionalidades diferentes, era pior ainda. Isso criava de certa forma uma dificuldade para empresas operarem além de suas fronteiras.
Padrões únicos facilitam a análise das empresas. Um investidor sueco, por exemplo, pode avaliar uma empresa russa e uma argentina, desde que ambas preparem demonstrações contábeis seguindo o mesmo critério.
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