IPO - Initial Public Offering

IPO - Painel de gráficos e preços de ações.

SIGNIFICADO DE IPO

IPO ou Initial Public Offering é o processo de transformação societária de uma empresa objetivando o ingresso de suas ações em bolsa de valores.

Após o IPO a empresa passa a ser uma sociedade anônima (S.A.) de capital aberto, possibilitando assim que qualquer pessoa possa ser sua acionista.

VISÃO GERAL

A definição mais prática de um IPO seria: “a estreia de uma empresa na bolsa de valores.” Simples, não?

Você poderia até se dar por satisfeito(a), afinal de contas já entendeu o que é um IPO. Mas acredite, isso é o menos importante. Compreender os motivos que levam uma empresa a recorrer a esse artifício, e como esse processo acontece é o que agrega valor.

Trata-se de um trâmite complexo que envolve contadores, advogados, bancos e uma série de consultores. Entretanto o objetivo é transmitir ao leitor a essência da operação, e por isso buscamos utilizar a linguagem menos complexa possível.

Ao final dessa seção, você estará apto(a) a compreender:

  • O significado de IPO;
  • O que é IPO?
  • As razões de se fazer um IPO;
  • Vantagens, desvantagens e riscos de um IPO;
  • Quais oportunidades surgem em um IPO;
  • O que o IPO tem a ver com você.

Seja bem-vindo(a) e boa leitura!

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O QUE É IPO?

O IPO é o processo de transformação de uma empresa privada em sociedade anônima. Esse processo visa o acesso ao mercado de capitais para levantar novos investimentos.

Popularmente, esse trâmite é conhecido como “abertura de capital” ou “oferta inicial”.

Geralmente a ideia de buscar novos acionistas surge no momento em que a empresa, em plena expansão, se depara com dificuldades de captar recursos em boas condições nos bancos.

A oferta inicial (IPO) ocorre resumidamente da seguinte forma:

  • A empresa é autorizada a converter seu capital privado (cotas) em anônimo (ações);
  • Parte das ações são vendidas a investidores pré estabelecidos;
  • Finalizado o IPO, a bolsa de valores inclui as ações no portfólio dos pregões.

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AS ETAPAS DE UM IPO

Para que o IPO seja bem sucedido, é fundamental que todos os participantes alcancem seus objetivos. As principais partes interessadas são:

Emissor: É a empresa que abre seu capital ao mercado de ações.

Subscritor: Banco de investimento que oferta as ações à investidores.

Investidor: Pessoa física ou jurídica que adquire as ações antes do primeiro pregão na bolsa.

Aqui, iremos abordar os aspectos que se referem ao emissor.

Abrir o capital ou não?

Optar por um IPO, é uma daquelas decisões sobre as quais não se pode pesar arrependimentos. Isso porque, a reversão desse processo, ou seja, o fechamento de capital (via OPA), pode ser custoso e demorado.

Exemplos de IPO de sucesso não faltam: Amazon, Google, Microsoft, cresceram e se consolidaram em seus mercados após a abertura de capital, mas isso não é uma regra. Cada caso é um caso.

Como tudo na vida, existem vantagens, desvantagens e riscos. Uma avaliação detalhada e honesta, é muito importante para decidir se o IPO é ou não uma boa opção.

Geralmente, os principais aspecto considerados são:

VANTAGENS

Dinheiro em caixa sem dívida: Os aportes que os investidores fazem, não são dívidas portanto não exigem devolução e melhor ainda, não tem juros.

Liquidez: Com as ações sendo negociadas em bolsa, é muito fácil e rápido convertê-las em dinheiro.

Reputação: Companhias listadas em bolsa gozam de mais credibilidade no mercado. Há uma severa fiscalização quanto a transparência e ética na condução dos negócios.

DESVANTAGENS

Perda de autonomia: Com novos acionistas participando dos negócios, o poder de decisão dos(as) atuais proprietários(as) é reduzido. Decisões relevantes passam a ser submetidas à aprovação das assembleias de acionistas.

Perda de sigilo: As informações financeiras e operacionais passam a ser de domínio público. A empresa é obrigada a divulgar informações ao mercado e a concorrência terá acesso à essas informações.

Novas obrigações: Sociedades de capital aberto são regidas por legislação específica e se subordinam às regras dos agentes de valores mobiliários.

Custos adicionais de operação:  Cumprir as novas exigências legais e o relacionamento com acionistas demandam custos adicionais que a empresa até então não tem.

Dispersão da administração: As obrigações e as relações com o mercado e investidores podem influenciar ou concorrer com as decisões de negócio.

Pressão por resultados: Os investidores desejam retorno sobre seus investimentos. Caso a empresa não atinja os planos estabelecidos no IPO, os acionistas podem reclamar o direito de participar na administração do negócio.

RISCOS

Aquisição hostil: Algum sócio indesejado pode ingressar na sociedade, afinal de contas as ações estarão disponíveis ao público em geral.

Descumprimento de obrigações: Risco de descumprimento de leis e normas do mercado mobiliário com responsabilidade civil e criminal à empresa e seus executivos.

Processos movidos por investidores:  Acionistas que se sentirem lesados podem iniciar uma batalha na justiça contra a empresa e seus administradores.

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Analisar a viabilidade

Após ponderar os principais fatores de uma abertura de capital, a empresa precisa analisar se o processo é viável ou não.

A viabilidade de um IPO deve considerar 4 (quatro) aspectos principais:

  1. Legal: Requisitos legais obrigatórios.
  2. Custo/Benefício: Sob a óptica financeira, os benefícios precisam compensar os custos e os riscos.
  3. Atratividade: É necessário avaliar o potencial de atrair novos investidores. Algumas perguntas devem ser feitas, como por exemplo:

A empresa tem algum diferencial no mercado?

Estamos crescendo?

O planejamento para o futuro é claro, viável e promissor?

  1. Mercado: Por vezes o cenário econômico ou político pode não favorecer a oferta inicial.

Se algum desses aspectos for negativo, provavelmente o IPO não seja uma boa opção.

Planejar o IPO

Nessa etapa a empresa deve definir os principais termos que devem reger a oferta inicial (IPO).

Os principais aspectos a serem definidos são:

  • A proporção da empresa que será ofertada ao mercado.
  • Será destinada uma parcela das quotas (ações) já existentes ou serão emitidas quotas (ações) adicionais?
  • Quais parceiros conduzirão a oferta inicial (Consultorias, Bancos de Investimento e Auditoria).
  • Preço estimado por ação.
  • O perfil dos investidores para os quais serão ofertadas as ações. A empresa pode restringir a oferta só para fundos de investimentos ou pessoas físicas por exemplo.
  • Qual será a bolsa de valores onde as ações serão negociadas.
  • O cronograma das etapas necessárias à conclusão da oferta inicial.

Promover a abertura de capital

Com a estrutura do IPO definida, a etapa seguinte é a promoção da oferta inicial de ações.

Geralmente o primeiro passo é comunicar a imprensa especializada. Veículos como o Valor Econômico e a Istoé Dinheiro são contatados e os detalhes do IPO são transmitidos. Quando publicada a notícia, o grande público toma conhecimento da intenção da empresa em colocar a venda parte de suas ações.

Em paralelo, a empresa e seus parceiros iniciam a abordagem mais direta ao público alvo da oferta. Eventos conhecidos como roadshows são realizados, convidando potenciais investidores para rodadas de apresentações da proposta de investimento e do histórico da empresa.

Esses eventos são importantes não somente para cooptar investidores, mas também para identificar a disposição em investir na empresa e assim estabelecer o preço de lançamentos das ações. Esse processo de precificação inicial é conhecido como bookbuilding.

Preparar o Prospecto

O Prospecto é o documento que oficializa os termos do IPO. Funciona como um guia da transação e atende 3 (três) funções cruciais:

Jurídica: É um contrato, que estabelece os direitos e obrigações das partes da transação.

Informativa: Agrupa informações sobre a empresa e o negócio.

Referencial: Serve de referência para as autoridades analisarem o processo de abertura de capital.

Para as ofertas conduzidas no Brasil, o Prospecto deve observar as diretrizes da Instrução CVM 400/03. As informações devem ser validadas por auditores independentes.

No Prospecto devem constar ao menos as seguintes informações:

  • Apresentação da empresa e dos negócios;
  • Descrição dos atuais acionistas;
  • A relação das empresas que conduzem a oferta;
  • Os planos e as estimativas da administração para o futuro dos negócios;
  • Preço e características das ações ofertadas;
  • Como os recursos levantados no IPO serão aplicados;
  • Os riscos inerentes ao negócio da empresa;
  • Demonstrações financeiras;
  • Data de encerramento da proposta.

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Preparar a empresa

Em paralelo é necessário planejar a nova estrutura da empresa.

As adaptações são necessárias para lidar com novas responsabilidades relacionadas aos acionistas e ao mercado mobiliário.

A área contábil por exemplo, precisará de mudanças. Com a abertura de capital, será necessário prover informações no padrão e na frequência exigida pela regulamentação mobiliária.

Alguns departamentos em específico precisarão ser criados, como por exemplo:

Governança Corporativa: Responsável por implantar, monitorar e desenvolver as boas práticas de responsabilidade corporativa. Aspectos relacionados a transparência, ética, respeito aos acionistas e prestação de contas são atribuições dessa área.

Relação com investidores: Estabelece os canais de comunicação com acionistas. Adicionalmente, também zela pelo cumprimento das obrigações regulatórias: Divulgação de Fatos relevantes, realização de assembleias e comunicação com o mercado

Controles Internos: Departamento que assegura a existência e eficácia de controles nos processos que previnem e detectam fraudes e erros contábeis.

Auditoria Interna: Cabe a esse departamento o exame de processos e transações a fim de identificar fraudes e erros contábeis na empresa.

Normalmente essa restruturação é conduzida por consultorias especializadas.

Obter as aprovações

Qualquer proposta de IPO precisa de ao menos 2 (duas) aprovações:

Bolsa de Valores: Ambiente regulado em que se pretende que as ações sejam negociadas. Ex: NYSE, NASDAQ ou B3.

Autoridade Mobiliária: Agência ou autarquia do governo que regula o mercado de ações. No Brasil essa atribuição é da CVM (Comissão de Valores Mobiliários) e nos Estados Unidos esse papel é cumprido pela SEC (Securities and Exchanges Commission).

Outras aprovações podem ser necessárias, dependendo da localidade e das características do emissor.

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Liquidar o IPO

Na data estipulada para a liquidação, a empresa entrega suas ações aos bancos de investimentos e recebe o aporte de capital.

Vida como empresa Pública

Após a liquidação do IPO as ações da empresa estreiam na Bolsa de Valores.

A empresa então passa a operar como empresa de capital aberto. Trimestralmente as demonstrações contábeis auditadas devem ser divulgadas e fatos relevantes devem ser imediatamente publicados.

Exemplos

  1. Não sei se o IPO será feito. Com essa crise mundial os investidores estão temendo riscos.
  2. Finalmente o IPO da XP Investimentos saiu. Você viu que eles escolheram a NASDAQ?
  3. É inacreditável, um ano depois do IPO a ação já estava compondo o S&P500.