EBITDA - Earnings Before Interest, Taxes, Depreciation and Amortization

EBITDA - Earnings Before Interest Taxes Depreciation and Amortization

SIGNIFICADO DE EBITDA

EBITDA é a sigla de Earnings Before Interest, Taxes, Depreciation and Amortization.
 
Conceitualmente, o EBITDA é um indicador de performance empresarial. O EBITDA visa estimar o valor de caixa gerado pelas operações de uma empresa.
 
No Brasil, o EBITDA é conhecido também como LAJIDA – Lucro Antes dos Juros, Impostos, Depreciação e Amortização.
VISÃO GERAL

O EBITDA é um dos indicadores de performances mais populares do mercado financeiro.

Essa ampla aceitação, se deve basicamente a 3 (três) características:

  1. Simplicidade: É um indicador fácil de calcular. A fórmula é simples e os dados necessários ao cálculo são relativamente acessíveis.
  2. Alta adesão: O EBITDA é um indicador valorizado por uma parcela significativa de stakeholders.
  3. Neutralidade: A fórmula do EBITDA neutraliza os efeitos de juros e impostos, elementos sensíveis a questões geopolíticas. Dessa forma, o EBITDA provê certa isonomia aos números, possibilitando comparações de performances entre negócios instalados em diferentes jurisdições.

Ao longo dessa seção, trataremos dos aspectos elementares do EBITDA. Ao final, apresentaremos o passo a passo de um cálculo, baseado em dados reais.

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O QUE É EBITDA?

O EBITDA é um indicador de performance financeira, calculado com base nas demonstrações contábeis de uma organização.

A principal proposta do EBITDA, é identificar o potencial de geração de caixa das operações de uma empresa. Não se trata de um indicador exato, entretanto, o seu resultado costuma ficar próximo ao FCO (Fluxo de Caixa Operacional).

Mas aí você pode se perguntar: “Se não é um indicador exato, por que ele é tão popular?

Para responder essa pergunta, precisamos primeiramente, fazer uma distinção entre os usuários do EBITDA.

Existem os usuários externos, aqueles que não fazem parte do dia a dia da empresa, e os usuários internos: representados pelos administradores e colaboradores da organização.

Do ponto de vista do usuário externo, é preciso considerar que o Demonstrativo de Fluxo de Caixa Operacional (FCO), não é algo tão acessível. O FCO traz consigo, informações estratégicas do negócio. Nenhuma empresa gosta de divulgar esses dados. Via de regra, as que divulgam, são obrigadas a fazê-lo por alguma exigência legal.

Indiscutivelmente, quando  disponível, o FCO é uma fonte de informações mais detalhada e consequentemente mais valiosa do que o EBITDA. Contudo, dado ao baixo volume de empresas que disponibilizam o FCO ao público, a comparabilidade de performances fica muito restrita. Na prática, o analista só consegue comparar o Fluxo de Caixa Operacional de empresas que são obrigadas a divulgá-lo.

Por esse motivo, e por ser relativamente próximo ao FCO, o EBITDA se torna uma alternativa satisfatória. Ao adotar o EBITDA, ao invés do FCO, o analista consegue agregar um número maior de empresas em sua análise.

Normalmente as análises comparativas do EBITDA são segmentadas em grupos, observando similaridades entre as empresas, como:

  • Segmento
  • Porte
  • Localização
  • Idade

Considerando as perspectivas dos usuários internos, o FCO é uma demonstração que demanda tempo para ser elaborada. No mundo corporativo, as decisões não podem demorar muito. Quanto antes as informações estiverem disponíveis melhor.

Sendo assim, os executivos de uma organização costumam analisar o EBITDA como uma prévia aproximada do FCO.

Não obstante, não podemos ignorar o fato de que o mercado financeiro é ávido pela divulgação do EBITDA das organizações. Os executivos precisam saber de antemão, o que será divulgado, até para prever as reações do mercado.

ORIGEM DO EBITDA

O EBITDA surgiu no Estados Unidos, por volta dos anos 60.

Agentes do mercado financeiro buscavam uma forma rápida e segura de identificar negócios atrativos. Primeiramente surgiu o EBIT (Earnings Before Interest and Taxes).

O EBIT possibilitava a análise rápida da performance das empresas, desconsiderando os ganhos e perdas das estruturas financeiras que sustentavam as operações. Ao excluir os efeitos da tributação sobre os lucros, o EBIT neutralizava diferenças entre negócios, relacionadas a legislações tributárias. Dessa forma, era possível isolar o resultado das operações, e avaliar a qualidade da administração dos negócios.

Ao passo que o EBIT ganhava mais adeptos, percebeu-se que, ao excluir a depreciação e amortização, o resultado se aproximava do Fluxo de Caixa Operacional da organização. Tanto depreciação quanto a amortização são despesas econômicas, não exigem saída de caixa.

Até então, EBIT e EBITDA eram indicadores mais restritos as casas de análises e profissionais de investimentos. A partir da década de 80, com a escalada de transações de IPO e M&A, o EBITDA conquistou um público maior e se consolidou com um dos indicadores mais populares do mundo.

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FÓRMULA DO EBITDA

A fórmula do EBITDA é muito simples.

Em suma, é uma mera conciliação do resultado (lucro ou prejuízo) de uma entidade.

O EBITDA é representado pela seguinte fórmula:

Fórmula EBITDA

A partir do resultado do período, são excluídos os seguintes efeitos:

  • Juros (passivos e ativos);
  • Tributos sobre o Lucro; e
  • Depreciação e Amortização.

CÁLCULO PRÁTICO DO EBITDA

Agora que você já sabe o que é o EBITDA e conhece a sua fórmula, vamos calculá-lo.

Para esse exercício, vamos calcular o EBITDA de 2020 da Natura (consolidado).

Primeiramente, precisaremos obter os dados para o nosso cálculo. No caso, precisaremos das Demonstrações Contábeis Consolidadas da Natura de 2020.

Como a Natura é uma companhia de capital aberto, suas demonstrações são públicas. Você consegue localizá-las de 3 (três) formas:

  1. No portal de Relação com Investidores da Natura;
  2. Você pode baixar o arquivo no site da CVM (Comissão de Valores Mobiliários);
  3. Por ser uma empresa listada na Bolsa de Valores, você também encontra essas informações no site da B3.

Com as Demonstrações Contábeis em mãos, o próximo passo é localizar a Demonstração do Resultado do Exercício (DRE).

Demonstração do Resultado Natura 2020

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Na DRE encontraremos quase todas as informações necessárias ao cálculo.

Conseguimos identificar:

  1. Lucro ou Prejuízo Líquido do Exercício – Earnings;
  2. Resultado Financeiro (Juros) – Interest; e
  3. Imposto de Renda e Contribuição Social – Taxes.
Demonstração do Resultado Natura 2020 - Comentado

Note que, em nosso cálculo, os Juros (Interest) estão representados pelo Resultado Financeiro Líquido. Parece estranho a princípio, pois o resultado financeiro comporta outros eventos além dos juros, como variação cambial e tributos sobre operações financeiras.

Mas você concorda que eles também impactam a estrutura de capital da empresa? Por esse motivo convencionou-se utilizar o resultado financeiro no componente “Juros” da fórmula do EBITDA.

Seguindo o cálculo, precisaremos agora do valor de Depreciação e Amortização. Ambos não estão explícitos na DRE.

Essas informações estão distribuídas entre os grupos de despesas e custos. Portanto, é necessário obter essas informações nas Notas Explicativas.

Nota Explicativa - Natura

Agora, que temos todas as informações, podemos aplicar a fórmula do EBITDA:

EBITDA Natura

Embora a Natura tenha apurado prejuízo em 2020, seu EBITDA foi positivo.

Uma análise mais criteriosa nos leva a concluir que a operação consolidada da Natura gera caixa positivo. Porém, em 2020 a empresa acabou destruindo valor (prejuízo).

Os principais vilões foram:

  1. Despesas financeiras: O gerenciamento de capital, consumiu mais de R$ 1 bilhão no ano; e
  2. Amortização e Depreciação: Embora não sejam despesas que exijam caixa, ambas indicam a necessidade de investimentos futuros em CAPEX. O EBITDA apurado até seria suficiente para financiar esses investimentos, mas não seria capaz de arcar com os custos da estrutura de capital (R$ 1 bilhão).

A análise aqui é superficial, precisa de mais informações e avaliar outros indicadores. Todavia, é um ponto de partida para o analista construir seus questionamentos e buscar respostas.

  1. A Natura pretende renegociar suas dívidas?
  2. Tem muita dívida em dólar? Houve um aumento abrupto da cotação?
  3. Como a empresa pretende manter sua planta atualizada? De onde vai vir o dinheiro?

O analista poderia comparar o EBITDA da Natura com o da Boticário, por exemplo. Entender as diferenças, nos números e nas estratégias, e avaliar qual empresa representa uma boa oportunidade de investimento.

Agora que você já se familiarizou com o EBITDA, que tal explorar o assunto de uma forma mais profunda? Continue conosco em nossa seção “Conteúdo Profissional”, lá falaremos de tópicos mais avançados, como por exemplo:

  • Situações em que o EBITDA é utilizado;
  • As variações e indicadores derivados do EBITDA;
  • Uso do EBITDA em valuations;
  • Normas e regulamentações; e
  • Pontos de atenção e limitações do indicador.
CONTEÚDO PROFISSIONAL

Essa seção visa explorar os principais aspectos inerentes as rotinas de trabalho relacionadas ao EBITDA.

Apresentaremos uma perspectiva geral dos pontos mais relevantes de análise, preparação e manejo do indicador.

Esperamos assim, que o conteúdo seja útil e contribua no desenvolvimento de suas atividades profissionais.

APLICAÇÕES DO EBITDA

Desenvolvido inicialmente para ser uma ferramenta de análises de investimentos, novas funcionalidades foram criadas ao longo do tempo.

Atualmente o EBITDA serve de parâmetro para diversas atividades, como por exemplo:

  • Avaliação e concessão de crédito
  • Análise de desempenho gerencial
  • Referência de capacidade financeira em processos de licitação
  • Gatilho de execução de contratos (covenants)

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Fica claro então, como o EBITDA virou um importante driver no mundo corporativo. Até então, um assunto restrito as áreas internas de finanças, o EBITDA ganhou status de responsabilidade coletiva da organização.

A seguir vamos falar sobres as funcionalidades mais comuns do EBITDA.

ANÁLISE DE INVESTIMENTOS

Investidores adquirem participações e ações de empresas por diversos motivos. A fundamentação e planejamento desses objetivos é conhecido como Estratégia de Investimento.

As Estratégias de Investimentos mais comuns, são aquelas que buscam gerar retornos financeiros através de:

  • Recebimento de proventos, principalmente dividendos e Juros sobre o Capital Próprio (JCP).
  • Valorização da empresa ao longo do tempo.
  • Variação dos preços das ações no curto ou curtíssimo prazo.
  • Sinergias com outras empresas do grupo adquirente.
  • Saneamento das operações, através da injeção de capital e reestruturação operacional.

Baseado na estratégia escolhida, o investidor determina um modelo de análise de investimento. O objetivo principal é identificar os riscos e retornos da operação, bem como os fatores de sucesso da estratégia.

Incluir o EBITDA no modelo de análise, auxilia o investidor a identificar o potencial de geração de caixa da empresa alvo. 

GESTÃO DE CRÉDITO

Operações padrões de crédito tem por único objetivo o retorno do capital emprestado acrescido de juros (remuneração do credor). Como qualquer transação, existem riscos.

Para decidir se empresta os recursos, e em quais condições, o credor precisa de dados que permitam ao menos avaliar os seguintes aspectos:

  1. Reputação do tomador do crédito;
  2. Capacidade de pagamento do tomador;
  3. Necessidade de fianças, garantias e avais; e
  4. Cenário econômico esperado no prazo da operação.

O EBITDA é um input importante, aliado a outros elementos possibilita a avaliação da capacidade de pagamento do tomador.

MÉTRICA DE PERFORMANCE ORGANIZACIONAL

Não é de hoje, que o EBITDA é utilizado como um indicador chave das organizações. Essa prática é muito comum em companhias de capital aberto.

Tal abordagem visa atingir propósitos importantes, como por exemplo:

  1. Interesses dos acionistas: Que os acionistas exigem retornos sobre o capital investido, não é novidade para ninguém, certo? Portanto, é comum que, conselhos ou representantes de acionistas estabeleçam metas de EBITDA aos administradores da organização. Para engajar os colaboradores, normalmente a meta é divulgada internamente.
  2. Relação com terceiros: Um EBITDA fraco pode gerar dificuldades em fazer negócios. Exemplo disso, são os limites estabelecidos em processos licitatórios, custos de empréstimos e realização de parcerias.
  3. Continuidade das operações: Empresa que apura EBITDA negativo ou fraco com frequência, corre sérios riscos de descontinuidade.

Sem dúvidas, o EBITDA é uma boa vitrine para uma gestão de sucesso evidenciar seus resultados. Apesar de relatórios financeiros detalharem ações e resultados, o EBITDA consegue sumarizar o sucesso em um único número.

NORMAS E REGULAMENTAÇÕES DO EBTIDA

Por natureza, o EBITDA é um indicador non-gaap. Em outras palavras: não há diretrizes regulamentando seu cálculo por autoridades normativas contábeis como o CPC, FASB ou IASB.

Voluntariamente, empresas de capital aberto costumam divulgar o EBITDA nos relatórios financeiros periódicos. A principal motivação, seria a de disponibilizar informações mais qualitativas ao mercado.

Inicialmente, a iniciativa foi bem recebida pelos investidores. Contudo, a ausência de parâmetros de preparação dos indicadores deu margem a novos problemas.

Grande parte das empresas adotavam a fórmula mundialmente difundida. Outras, no entanto, se valendo da ausência de regulamentação do EBITDA adotavam premissas próprias, a título de prover uma informação melhor aos acionistas.

Como cada empresa poderia calcular o EBITDA a sua maneira, o investidor assumindo que o indicador seguia fórmula mundialmente conhecida, acabava por vezes “comparando alho com bugalho”.

Por exemplo, ao comparar o EBITDA de 2 (duas) empresas, o investidor poderia se deparar com o seguinte cenário: uma empresa poderia excluir do cálculo os Resultados não Operacionais, acreditando refletir melhor o indicador e outra não, seguindo a fórmula sem qualquer ajuste.

Para proteger os investidores de possíveis manipulações, as agências reguladoras de mercado de capitais passaram a normatizar esses indicadores. As empresas precisariam então, seguir regras específicas para divulgar indicadores non-gaap.

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BRASIL

No Brasil, a CVM emitiu em 2012 a Instrução CVM 527 estabelecendo os requisitos necessários a divulgação do LAJIDA (EBITDA) e do LAJIR (EBIT).

Em suma, Companhas Abertas deveriam seguir as seguintes regras no Brasil:

  • Adotar como base os números apresentados nas demonstrações contábeis previstas no CPC 26 – Apresentação das Demonstrações Contábeis;
  • Não utilizar números que não constem nas demonstrações contábeis estabelecidas no CPC 26 – Apresentação das Demonstrações Contábeis .
  • Divulgar junto com o indicador a conciliação com os números das demonstrações contábeis;
  • Não excluir do cálculo itens não recorrentes, não operacionais ou de operações descontinuadas.
  • A divulgação dos indicadores deve ser feita em bases consistentes, mantendo a comparabilidade com períodos anteriores. Em caso de mudança, será necessário justificá-las, descrevendo as alterações feitas.

O cálculo do LAJIDA (EBITDA) deve observar a seguinte fórmula:

“LAJIDA - resultado líquido do período, acrescido dos tributos sobre o lucro, das despesas financeiras líquidas das receitas financeiras e das depreciações, amortizações e exaustões.”

A divulgação do LAJIDA (EBITDA) Ajustado é permitida. No entanto, deve estar acompanhada do LAJIDA (EBITDA) calculado conforme o artigo 3º da Instrução. Serão permitidos somente os seguintes ajustes:

  1. Exclusão dos resultados líquidos de operações descontinuadas; e
  2. Qualquer outro item que contribua para vislumbrar o potencial de geração bruta de caixa.

Os “outros itens” constante no item 2 acima, só podem ser considerados no cálculo do EBITDA Ajustado se constarem nos registros contábeis que serviram de base para a elaboração das demonstrações contábeis do período de reporte.

A entidade deve descrever a natureza desses “outros itens” considerados no LAJIDA (EBITDA) Ajustado, bem como, as razões que justificam a realização de tais ajustes.

E por fim, embora seja uma informação non-gaap, os indicadores divulgados devem ser validados pelo Auditor Independente nos moldes estabelecidos pelo CFC na NBC TA 720.

ESTADOS UNIDOS

No início dos anos 2000, eclodia nos Estados Unidos o maior escândalo de fraudes contábeis da história.

Paralelamente às investigações dos fatos, o congresso americano trabalhava na construção de um arcabouço legal para combater os abusos e fragilidades que possibilitaram essas fraudes.

Em 2002, foi sancionada a Lei Sarbanes-Oxley (SoX), estabelecendo novas exigências e mecanismos para aprimorar a confiabilidade dos relatórios contábeis.

Ao longo de 11 (onze) seções, a Lei Sarbane & Oxley trouxe novas regras ao mercado de capitais americano, dentre elas:

Na seção 401 da SoX, que emendou a seção 13 da Lei de Valores Mobiliários, foi determinado à SEC (Comissão de Valores Mobiliários dos Estados Unidos) a exigência de regulamentação específica para assegurar a qualidade de informações pro forma.

“... the Commission shall issue final rules providing that pro forma financial information included in any periodic or Other report filed with the Commission pursuant to the securities laws, or in any public disclosure or press or other release, shall be presented in a manner that— (1) does not contain an untrue statement of a material fact or omit to state a material fact necessary in order to make the pro forma financial information, in light of the circumstances under which it is presented, not misleading; and (2) reconciles it with the financial condition and results of operations of the issuer under generally accepted accounting principles”

Até então, elementos non-gaap de formulários arquivados na SEC eram regidos pelo Code of Federal Regulations (CFR) 17, em sua parte 229 (conhecida como Regulamento S-K).

Cumprindo as determinações da seção 401 da SoX, a SEC emitiu em 30 de janeiro de 2003 o 68 FR 4832, que na prática:

  • aperfeiçoou o Regulamento S-K; e
  • criou o Regulamento G (CFR 17 Parte 244), determinando regras a serem observadas em qualquer forma de divulgação de elementos non-gaap.

“...A non-GAAP financial measure is a numerical measure of a registrant’s historical or future financial performance, financial position or cash flows that: (i) Excludes amounts, or is subject to adjustments that have the effect of excluding amounts, that are included in the most directly comparable measure calculated and presented in accordance with GAAP in the statement of income...”

Combinados, os Regulamento S-K e G, estabelecem que a divulgação do EBITDA deve ser acompanhada de:

  • Um indicador gaap, que seja o mais diretamente comparável ao EBITDA;
  • Reconciliação entre o EBITDA e o indicador gaap escolhido; e
  • Alegações da Administração explicando os propósitos da divulgação do EBITDA.

Além disso, é expressamente vedado:

  • Excluir do cálculo itens não recorrentes, atípicos ou anormais, quando houve, ou é provável que surjam, itens semelhantes pelo período de 2 (dois) anos;
  • Apresentar o EBITDA em local que possa levar o leitor a acreditar tratar-se de um indicador gaap; e
  • Apresentar o EBITDA acompanhado de títulos ou descrições que possam levar o leitor a entender tratar-se de um indicador gaap.

VARIAÇÕES DO EBITDA

EBITDA AJUSTADO E NORMALIZADO

EBITDA Ajustado

Com relação a praticidade do EBITDA, há poucas discordâncias. É um indicador fácil de calcular e que, de certa forma, equaliza diferenças estruturais existentes entre as organizações.

Quando adotado em comparações entre entidades de um mesmo segmento econômico, como a manufatura por exemplo, o EBITDA atinge satisfatoriamente esse propósito. Por exemplo, se compararmos duas manufatureiras, uma de joias e outra de pneus, apesar de produzirem produtos diferentes, a macro atividade é a mesma: indústria de transformação.

No entanto, se os segmentos forem diferentes, existe a possibilidade dessa análise ser prejudicada.

Expurgar os juros do resultado operacional de um banco, por exemplo, acaba por eliminar uma parcela significativa das receitas e despesas da operação.

Se um analista comparar o EBITDA de uma rede de lanchonetes com o EBITDA de um banco, provavelmente a conclusão sobre as performances será equivocada.

Considerando esses aspectos, em alguns casos, faz sentido adaptar a fórmula original do EBITDA. Tais alterações resultam no que o mercado denomina de EBITDA Ajustado.

Internamente, a fórmula do EBITDA é ajustada para que a propriedade de comparabilidade operacional do indicador seja preservada.

Analogia EBITDA Ajustado - Peças de Lego

EBITDA Normalizado

Muitas empresas adotam o EBITDA como um parâmetro interno de performance. Usualmente, o EBITDA norteia modelos de gestão baseados em Objetivos Chaves (OKR).

Contudo, dada a estrutura de sua fórmula, alguns elementos sob os quais a administração tem pouca ou nenhuma influência, acabam por impactar o indicador.

Consideremos, por exemplo, a taxa de juros de referência, a SELIC. Normalmente, a variação da SELIC impacta ativos e passivos financeiros, resultando em despesas e receitas financeiras. Porém, essas variações podem afetar o Valor Recuperável de elementos não monetários do balanço. E por não se tratar de resultado financeiro acabam impactando o EBITDA.

Sendo assim, algumas empresas excluem alguns eventos do indicador, por entenderem não serem determinantes na avaliação do desempenho gerencial. Esse EBITDA é conhecido por EBITDA Normalizado.

As normalizações mais frequentes são aquelas que visam expurgar do EBITDA, eventos considerados estranhos as operações ou que sejam pontuais, como por exemplo:

  • Impairment;
  • Ajustes a Fair Value;
  • Receitas e despesas não operacionais;
  • Resultados de equivalência patrimonial;
  • Eventos extraordinários ou não recorrentes.
EBITDA Normalizado - Exemplo

ÍNDICES EBITDA

Por ser o EBITDA, um indicador expresso em valores monetários, avaliá-lo isoladamente pode conduzir o analista à conclusões equivocadas.

Independente do patamar do indicador, para se chegar a alguma conclusão, é fundamental a compreensão do contexto e das condições em que esses resultados foram atingidos. Tais informações costumam ser encontradas nas demonstrações contábeis e nos relatórios da administração da empresa.

Como expediente prático, é comum a adoção de índices financeiros nessas análises. Os índices são capazes de relativizar características individuais da organização como: endividamento, quantidade de funcionários, capital investido e outras.

Ao adotar índices que contemplem o EBITDA, é possível identificar rapidamente aspectos importantes como:

  • Quanto a operação gera de caixa, para cada R$ investido pelos acionistas;
  • Qual é a proporção da dívida, frente a capacidade da operação em gerar caixa;
  • Quanto da receita é convertida em EBITDA.

As possibilidades de combinações de indicadores são inesgotáveis, vejamos a seguir as mais populares:

Principais índices EBITDA

A vantagem de se utilizar índices, é que o valor absoluto do EBITDA fica em segundo plano.

Você conseguiria responder qual empresa é mais atrativa para um investidor? Uma que tem um EBITDA de R$ 100 milhões ou outra que gera R$ 15 milhões de EBITDA? A resposta certa seria, depende…

Vamos ver o exemplo a seguir:

Índices EBITDA - Aplicação

Ao nos atermos exclusivamente ao valor do EBITDA, podemos erroneamente concluir que a empresa A é mais atrativa que B. Afinal de contas, um EBITDA maior indica uma performance melhor, correto? Não necessariamente. Por vezes, analisar o EBITDA em termos absolutos quer dizer pouca coisa.

Calculando a Margem EBITDA das empresas, verificamos que a operação de B é 2,5 vezes mais rentável do que a da empresa A.

Quando olhamos  o Endividamento EBITDA das empresas, podemos concluir que B é mais atrativa.

Conforme demonstrado no quadro acima, o Endividamento EBITDA da empresa A é igual a 6. O que significaria dizer que, dependendo exclusivamente das operações e destinando todo o resultado para liquidar a dívida seriam necessários 6 (seis) períodos para liquidá-la integralmente.

No caso de B esse indicador é de 0,5 (zero virgula cinco). A empresa B precisaria apenas da metade de um período para gerar resultados suficientes para liquidar suas dívidas financeiras.

Não necessariamente o índice 6 da empresa A é ruim. É tudo uma questão de contexto. Caso as dívidas sejam de curto prazo, provavelmente a empresa precisará de aporte futuros de capital. No entanto, se o prazo dessa dívida for de 40 (quarenta) anos, é possível concluir que há certo controle sobre a dívida.

Nunca devemos analisar indicadores ou dados de forma isolada. O contexto é muito importante. Entenda os índices como sinais e não como fatores determinantes da sua decisão.

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MÚLTIPLOS EBITDA

A Técnica de Múltiplos é uma metodologia utilizada para determinar o valor de mercado de uma determinada empresa (valuation).

Adotando como referência transações históricas, a Técnica de Múltiplos visa identificar e calcular, um coeficiente que sirva de base para estimar o valor de uma empresa.

Esse processo, resumidamente, consiste em 3 (três) etapas elementares:

  1. Definir o coeficiente (parâmetro de referência) mais apropriado à empresa em avaliação;
  2. Calcular o coeficiente propriamente dito; e
  3. Estimar o valor de mercado da empresa.

1 - Definir o coeficiente da avaliação

Nessa etapa, diversos parâmetros de referências (coeficiente) são avaliados, para que se determine qual deles reflete de forma mais realista o valor de mercado da empresa.

Cabe nessa etapa, analisar e ponderar as condições específicas da empresa avaliada e a disponibilidade de dados de transações históricas de empresas similares.

É muito comum a adoção do EBITDA como parâmetro de referência (coeficiente). Contudo as circunstâncias podem fazer com que outros elementos sejam mais adequados ao caso em avaliação, como por exemplo:

  • Lucro Líquido;
  • Receita Líquida;
  • NOPAT;
  • EBIT.

Imagine uma empresa em fase pré-operacional. Os ativos que serão utilizados na operação, ainda estão em fase de construção/desenvolvimento.

Faria, portanto, algum sentido adotar a Receita Líquida como coeficiente de avaliação dessa empresa? Obviamente não. O valor de mercado tenderia a zero.

Talvez fizesse mais sentido considerar o grau de imobilização, certo?

Essa etapa da avaliação é muito importante. Tal decisão deve ser fundamentada e detalhada no laudo de avaliação.

2 - Calcular o coeficiente de múltiplo

Uma vez definido o coeficiente, é necessário calculá-lo.

A essência do cálculo é muito simples:

  1. Dados de transações de vendas de empresas similares são coletados.
  2. O(A) o avaliador(a) calcula a razão entre o valor de mercado e o coeficiente escolhido.

Por vezes, coletar esses dados pode ser uma tarefa difícil. Muitas transações de compra e venda de empresas são confidenciais, o que inviabiliza a coleta desses dados.

Alternativamente, o(a) avaliador(a) pode recorrer à empresas listadas em bolsas (B3, NASDAQ, NYSE). De certo, as informações contábeis são facilmente acessadas e o preço das ações dessas empresas serve de base para determinar o valor de mercado delas.

Abaixo, demonstramos um exemplo simplificado do cálculo do coeficiente EBITDA e Receita Líquida.

Coeficiente EBITDA - Exemplo de Apuração

No quadro acima, os Múltiplos (coeficientes) indicam que:

  • A empresa vale 50 (cinquenta) vezes o seu EBITDA; ou
  • Considerando o Coeficiente de Receita Líquida (CRL), o valor de mercado da empresa corresponde a 10 (dez) vezes suas Receitas Líquidas.

Quanto mais empresas forem incluídas no cálculo, mais confiável a valorização final será.

Naturalmente, espera-se que cada transação tenha um coeficiente diferente da outra. Cabe aos responsáveis pela valuation estabelecer pesos e ponderações à cada transação histórica para se determinar um coeficiente mais apropriado possível.

Devem ser levados em consideração:

  • Cenários econômicos da data transação; e
  • Nível de similaridade com a empresa avaliada.

A ponderação deve estar muito bem fundamentada no laudo de avaliação.

3 - Atribuir o valor de mercado da empresa avaliada

Uma vez calculado o coeficiente, o valor de mercado da empresa é obtido pela multiplicação do coeficiente ao parâmetro de referência escolhido.

Dando sequência ao exemplo que calculamos anteriormente, vejamos como uma empresa hipotética seria valorizada:

Coeficiente EBITDA - Exemplo de Aplicação

Estabelecido que o coeficiente de múltiplos EBITDA é o mais apropriado, a empresa seria avaliada em R$ 7,5 bilhões.

Caso, o entendimento fosse que a Receita Líquida seja a melhor opção, a empresa seria avaliada em R$ 12,5 bilhões.

Inclusive, o(a) avaliador(a) poderia combinar ambos os coeficientes. Seria necessário estabelecer um peso para cada um. Nesse caso, o valor da empresa seria algo entre R$ 7,5 e R$ 12,5 bilhões.

De fato, representamos aqui um exemplo simplificado. O cálculo real envolve um grau de complexidade maior.

Mas fique tranquilo(a) o avaliador tem que descrever todas as etapas e premissas que suportam as apurações do laudo.

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LIMITAÇÕES DO INDICADOR

Como qualquer indicador contábil o EBITDA possui suas limitações.

Portanto, utilizá-lo considerando tais limitações, possibilita obter o melhor proveito de suas qualidades e evitar conclusões equivocadas.

A seguir, falaremos sobre os principais pontos que o usuário deve se ater ao adotar o indicador.

Antes disso, recapitulemos duas regras de ouro da análise de indicadores:

  1. Nunca tome decisões baseadas em um único indicador. Quanto mais informações e referências disponíveis, melhor será a sua análise; e
  2. Faça a si mesmo as perguntas corretas, depois reflita: “O EBITDA vai me ajudar a entender essa questão?”

Utilize o EBITDA sempre com um conjunto de outros indicadores e reflita se o indicador pode ser útil ao assunto em questão.

PONTOS DE ATENÇÃO

Regime de competência

Tenha em mente que o EBITDA é apurado com base no regime de competência.

Interpretar o EBITDA como caixa gerado pela operação é um erro comum.

Receitas, despesas e custos são contabilizados no momento em que ocorrem e não quando são recebidos/pagos.

Pode existir um descasamento grande entre os fatos geradores e o fluxo financeiro efetivo das transações.

Eventos não operacionais

Apesar de ser tratado por muitos autores como um proxy do Fluxo de Caixa Operacional, o EBITDA pode conter elementos estranhos a operação.

É fundamental portanto, considerar que eventualmente, o EBITDA pode contemplar elementos que distorçam a capacidade das operações em gerar em caixa.

Imagine uma empresa que apurou um EBITDA de R$ 500 milhões. Porém, o que você não consegue enxergar é que desse total, cerca de R$ 490 milhões são referentes a indenização de seguros, recebida após um incêndio na fábrica.

É preciso prestar atenção no resultado para não ser conduzido a uma análise equivocada da operação.

Reinvestimento em ativo fixo

Em análises de médio e longo prazo é preciso considerar que o EBITDA não contempla a necessidade de reinvestimento em ativo fixo.

A grosso modo, o reconhecimento da depreciação e amortização no resultado da empresa, sugerem quanto “custa” a estrutura de ativo fixo da operação. Como no EBITDA, tanto a depreciação como a amortização são excluídas, o usuário perde qualquer referência quanto a necessidade de reinvestimento em CAPEX.

Você não pode esquecer que, provavelmente a operação é suportada por ativos fixos. Esses ativos precisam ser substituídos ou atualizados ao longo do tempo.

Alternativamente o uso do EBIT pode ser mais adequado.

Ausência de custo de capital

Não estão compreendidos no EBITDA os custos da estrutura de capital da operação.

A operação só funciona porque existe dinheiro suportando-a. Tanto o custo de capital próprio quanto o de terceiros não são considerados. Dependendo do cenário esses valores podem ser representativos.

Subjetividade das Demonstrações Contábeis

Por ser calculado com base em Demonstrações Contábeis, é necessário considerar que a elaboração dessas peças requer certos julgamentos e estimativas da Administração.

Diferente de um Fluxo de Caixa Direto, que é preparado com base em movimentações ocorridas, sob as quais não pesa avaliação, muitos efeitos no resultado que impactam o EBITDA requerem julgamentos, como por exemplo:

  • Contingências;
  • Impairments;
  • Provisão para Créditos de Liquidação Duvidosa (PCLD);
  • Passivos atuariais

Diferenças de Gaaps

Embora exista um esforço global para a unificação das normas contábeis, ainda existem diferenças de práticas.

Tome conhecimento de qual gaap foi adotado para produzir as demonstrações contábeis.

Ao comparar EBITDA de empresas diferentes verifique se todas seguem o mesmo padrão.

As demonstrações contábeis de uma mesma empresa podem por exemplo indicar lucro em IFRS e prejuízo no Us Gaap (FASB).

CONCLUSÃO

O consenso geral é o de que o EBITDA (LAJIDA) é um importante indicador do mercado financeiro.

Prático e disponível, o EBITDA em determinadas situações representa uma boa estimativa do Fluxo Operacional de Caixa da empresa.

Altamente versátil, o indicador pode ser utilizado em versões ajustadas e normalizadas para atender necessidades específicas. O uso de índices baseados em EBITDA são excelentes opções de forma a equiparar empresas que operam em indústrias similares, mas estão em momentos diferentes de suas vidas econômicas.

O múltiplo de coeficientes segue sendo uma boa referência de valorização de empresas pois consegue capturar elementos distintos de forma conjunta.

Todavia, o melhor do EBITDA é aproveitado quando o usuário compreende o seu cálculo e domina as demonstrações contábeis. Dessa forma, o usuário consegue avaliar se o indicador é apropriado a situação em questão.